Agarrar-me a um papel e a uma caneta e em poucos minutos debitar uma estrutura, um pequeno esboço do que mais tarde se transformaria numa história. Pegar em pequenos fragmentos da minha mente e vomitá-los para um papel, imagens já por si montadas e editadas a 25 frames por segundo como quem tem uma espécie de drive-in acoplado à retina. Cada frame da bobine, um piscar de olhos, cada beijo dentro de um carro uma sequência de planos, cada cigarro fumado um close-up.
Emoção, acção, adrenalina, um milk-shake frenético que combina vários caminhos, várias encruzilhadas, várias vidas num curto espaço de tempo... personagens retiradas da vida real ou puramente ficcionadas não interessa, o que interessa é o seu papel no enredo do filme. Sim!!! Filmes!!! É do que estamos a falar, certo?
Contruir uma personagem e saber claramente o que pensa, o que quer, o que faz, o que sente e o que vai dizer ― Mark: You know, I take pictures, photographs, but I never really thought in black and white before I saw our rushes. Do you know what I mean? You can see the shape of things. Joe: Life is in colour, but black and white is more realistic." (1) ― é saber atingir por vezes alguma profundidade que a realidade não tem, é ser-se específico ao ponto de saber o que faz um pingo avermelhado no chão, ou um relógio que parou, ou aqueles pormenores que só mesmo a terceira pessoa, nós os espectadores, presentes e ao mesmo tempo ausentes, conseguimos ver... É apelar ao nosso voyerismo... Somos a camara de filmar de Dziga Vertov (2), de um lado para o outro a captar pequenos momentos que mais tarde vão juntar-se a outros e por aí adiante até o filme estar composto com um príncipio, um meio e um fim.
Bem era isto... tenho saudades sei lá...
(1) O estado das Coisas de Wim Wenders
(2) em O homem da camara de filmar
Emoção, acção, adrenalina, um milk-shake frenético que combina vários caminhos, várias encruzilhadas, várias vidas num curto espaço de tempo... personagens retiradas da vida real ou puramente ficcionadas não interessa, o que interessa é o seu papel no enredo do filme. Sim!!! Filmes!!! É do que estamos a falar, certo?
Contruir uma personagem e saber claramente o que pensa, o que quer, o que faz, o que sente e o que vai dizer ― Mark: You know, I take pictures, photographs, but I never really thought in black and white before I saw our rushes. Do you know what I mean? You can see the shape of things. Joe: Life is in colour, but black and white is more realistic." (1) ― é saber atingir por vezes alguma profundidade que a realidade não tem, é ser-se específico ao ponto de saber o que faz um pingo avermelhado no chão, ou um relógio que parou, ou aqueles pormenores que só mesmo a terceira pessoa, nós os espectadores, presentes e ao mesmo tempo ausentes, conseguimos ver... É apelar ao nosso voyerismo... Somos a camara de filmar de Dziga Vertov (2), de um lado para o outro a captar pequenos momentos que mais tarde vão juntar-se a outros e por aí adiante até o filme estar composto com um príncipio, um meio e um fim.
Bem era isto... tenho saudades sei lá...
(1) O estado das Coisas de Wim Wenders
(2) em O homem da camara de filmar
2 comentários:
Um post, simplesmente fantástico.
Bjs.
Olha já eu tenho saudades das aulas em que partilhávamos massagens entre os colegas.. Desde que comecei a trabalhar que nunca mais recebi nenhuma =(
Enviar um comentário